segunda-feira, 21 de novembro de 2011

‘Não fazia questão que a Copa fosse na Arena’, diz presidente do Furacão


21/11/2011 11h20 - Atualizado em 21/11/2011 16h06

‘Não fazia questão que a Copa fosse na Arena’, diz presidente do Furacão

Marcos Malucelli mostra indignação ao comentar exigências da Fifa e conta que Furacão pagará a conta por Mundial no Brasil, em 2014

Por Márcio Iannacca Rio de Janeiro
O presidente do Atlético-PR, Marcos Malucelli, causou certa surpresa ao afirmar que não fazia questão de ver a Copa do Mundo de 2014 na Arena da Baixada. As declarações foram dadas no Seminário realizado pelos jornais “O Globo” e “Extra”, na manhã desta segunda-feira, em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com o dirigente, o Furacão só terá prejuízos em um primeiro momento com a realização da competição no país.

- Tenho muitas dúvidas sobre esse ufanismo todo que se cria por conta de uma Copa do Mundo. Não podemos comparar a Alemanha que fez uma excelente Copa com o Brasil. A Copa é do Brasil e temos que fazer da melhor maneira. Se não temos hospitais, escolas, é outra coisa. Temos que arrumar os bilhões para fazer a Copa. Temos que dar conta da Copa. Eu não fazia questão que a Copa fosse no estádio do Atlético-PR. Foi uma decisão do conselho do clube, que achou que deveria colocar o estádio à disposição do comitê local. Sou o presidente do clube, não sou cartola. O meu mandato vence no mês que vem. Não sou candidato à reeleição, vou para casa e deixo o clube em ordem. Não sou de impor minhas ideias aos conselheiros. Prevaleceu a maioria dentro de um clima democrático, mas será o clube que vai pagar a conta – afirmou o dirigente.

Após explicar todas as mudanças necessárias para atender as exigências da Fifa, o dirigente se mostrou contrário aos pedidos feitos pela entidade máxima do futebol. De acordo com Malucelli, o Atlético-PR perderá inúmeras receitas por conta do fechamento do estádio na próxima temporada. Segundo o presidente do Furacão, as perdas serão de 25% por ano. Atualmente, a equipe paranaense tem orçamento em torno de R$ 70 milhões.
Arena da Baixada, do Atlético-PR (Foto: Jairton Conceição/RPC TV)Vista da Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR (Foto: Jairton Conceição/RPC TV)
- Não adianta acertar o nome do estádio porque a Fifa não divulga o nome do estádio. Temos que entregar a Arena 30 dias antes da competição, tiram todas as placas e nos devolvem 15 dias após o campeonato. Você não ganha nada por ceder o estádio – disse o presidente do Furacão, convidado para o seminário para mostrar como o clube privado lida com a organização da Copa do Mundo.

Para exemplificar o caso, Malucelli contou uma passagem com funcionários da Fifa.

- Recebi um contrato enorme em português, inglês e espanhol. O clube cederia o seu centro de treinamento e colocaria à disposição para a seleção que a Fifa quisesse instalar por lá. O contrato dava poderes à Fifa para entrar no CT, fazer melhorias, derrubar o que ela achar que está atrapalhando e o custo seria do Atlético-PR. Ela colocaria lá os seus funcionários, os seus parceiros e você teria que fazer um seguro para cobrir um eventual acidente. Tudo na conta do clube. O Atlético-PR não vai assinar isso e não assinou. Qual é o nosso lucro? Só temos despesas? Não temos lucros? Eles fazem, contratam e você precisa pagar a conta. Não dão um centavo. Sofri pressão de todos os lados. Não assinamos e eu não cedi. Teremos seleções do mundo todo e teremos seleções que vão usufruir do nosso CT. E nós vamos cobrar. Por que eu vou ceder? Esse caso aconteceu há uns quatro meses – contou o dirigente.

O presidente do Furacão revelou ainda que o clube teve lucro nos três últimos anos. Porém, com o fechamento da arena e a utilização paliativa do Couto Pereira, de propriedade do Coritiba, ou do Pinheirão, que pertence à Federação Paranaense de Futebol, a tendência é que o clube passa a ser deficitário. Outro problema seria a queda do número de sócios, atualmente em 19 mil.

- A probabilidade é grande. Esse superávit que tivemos em 2009, 2010 e 2011 possivelmente não se repetirá em 2012. O Atlético-MG e o Cruzeiro tiveram uma perda técnica grande. O Cruzeiro ainda perdeu mais da metade dos seus sócios. Só no primeiro mês sem o Mineirão, eles tiveram uma queda de 17 mil sócios para seis mil. Os sócios nos geram 25% da nossa receita – explicou Malucelli.

A Arena da Baixada passará dos atuais 25 mil lugares para 42 mil torcedores. Segundo Malucelli, a expectativa era de concluir o estádio com R$ 40 milhões. No entanto, para atender as exigências da Fifa, os gastos sobem para R$ 220 milhões. Os custos para a reforma serão divididos pelo clube, pelo governo e pela prefeitura.
- Os R$ 220 milhões serão divididos por três. Porém, como o governo e a prefeitura não podem dar o dinheiro, eles criaram o potencial construtivo da área que será feita na arena. Com a venda desse potencial é que os valores serão investidos nas reformas do estádio – finalizou o dirigente do Furacão.

Segundo a tabela divulgada pela Fifa haverá quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 na Arena da Baixada - todos na primeira fase.

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