Ultras Cultural

Antônio Conselheiro

*Regerson Ribeiro Thomé

No dia 13 de março de 1830, nascia em Vila do Campo Maior, atual Quixeramobim – Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro.[1]
Filho de comerciante, ele estudou aritmética, português, geografia, francês e latim. Quando criança seus pais desejavam que Antônio tornasse padre, porém, ficou órfão aos seis anos de idade, seu pai casou novamente e sua madrasta não se esforçou em realizar a sua vocação.
Aos 25 anos de idade morre seu pai, ele assume os negócios da família e passa a sustentá-los. Em 1857, casou-se com Brasilina Laurentina de Lima. Em 1958, mudou para Sobral – Ceará, e começa a dar aulas em escolas rurais da região.[2]
Em 1861, flagra a sua esposa traindo com um sargento da polícia, em sua própria casa, na Vila do Ipu Grande. Entristecido procura abrigo nas regiões do Cariri, que desde aquela época já era um reduto de penitentes e flagelados.[3]
Conselheiro, passa a ter contato com as pessoas e a pregar o evangelho diariamente, por conta disso, recebe a alcunha de homem-santo. Mesmo proibido pela Igreja e perseguido pela polícia, ele começa a ser seguido por milhares de nordestinos.
Em 1874, Antônio Conselheiro e os seguidores vão até o norte da Bahia e constroem o Arraial do Bom Jesus. Acusado do assassinato de sua ex-esposa e sua mãe, é levado para julgamento no Ceará. Provado a sua inocência em 1976 é posto em liberdade.[4]
Novamente no seio de seu povo, o peregrino recomeça um novo caminho. Seu fervor religioso e político aumentam cada vez mais. Ovacionado, enaltecido e reverenciado, pelos pobres e oprimidos, cresce a procura por sua pessoa.
Em 1888, é decretado o fim da escravidão, muitos ex-escravos partem em busca de Conselheiro, multiplicando numericamente o seu grupo.[5]
Em 1893, cansado de peregrinar e devido ao grande sucesso de suas pregações, seu grupo que já é extenso o bastante para formar um vilarejo, mudou para a Cidade de Canudos, as margens do rio Vaza-Barris, região norte da Bahia, criaram então um povoado chamado de Bello Monte.[6]
Canudos tornou-se uma referência nacional, com uma população estimada entre 15 mil e 25 mil habitantes. Autoridades baianas começaram a se incomodar com o impulso da comunidade. Antonio Conselheiro era monarquista e começou a pregar contra a República, algo que aumentou o desprestígio dos governantes brasileiros.
Uma conspiração contra a comunidade ocorre em outubro de 1896, episódio que leva a Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro encomendou uma carga de madeira, em Juazeiro, para a construção da nova igreja, a madeira não foi entregue, mesmo paga. Em Juazeiro criaram boatos que os conselheiristas iriam buscar a madeira de maneira violenta. O governo estadual baiano enviou um destacamento policial de cem praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.[7]
No dia em 24 de novembro de 1896, o grupamento de policiais partem para Canudos, mesmo sabendo que era falsa a história levantada em Juazeiro. Graças ao heroísmo do povo de Canudos a tropa é surpreendida durante a madrugada, armados de pau e pedra enfrentam os policiais.
Antônio Conselheiro perdeu mais de cento e cinqüenta companheiros, neste combate, do lado da polícia morreram oito militares e dois guias. Contudo a polícia foi à causadora do conflito, e mesmo agindo de maneiro brutal e arrogante, acabou voltando de ré.
Enfurecido pela derrota da polícia o governo federal enviou tropas do Exército Brasileiro para arrasar os sertanejos. Porém a população de Canudos mostrou resistência e derrotou três expedições. Os canudenses lutaram com paus, pedras, facões e armas de fogo muito velhas, pois não tinha recursos.
Confronto foi até 5 de outubro de 1897. Na quarta expedição os militares promoveram um massacre no arraial. O Exército chegou a utilizar canhões de artilharia pesada.[8]
No dia 6 de outubro de 1897, o arraial foi incendiado, foram registrados 5.200 casas queimadas e 25 mil sertanejos mortos. Um grande crime realizado no Brasil.[9]
Antônio Conselheiro morreu poucos dias antes da guerra acabar, de maneira desconhecida, o seu cadáver foi exumado e sua cabeça decepada a faca.
Tudo isto está registrado em vários livros, documentários e filmes. O clássico mais conhecido é o livro, Os Sertões, escrito por Euclides da Cunha, publicado em 1902.[10]

Fontes:

1. Paro, Iana Cossoy: Antônio Conselheiro. Ver. Caros Amigos; Rebeldes Brasileiros; fascículo 2. Ed. Casa Amarela, S. P. Sem data de publicação.
2. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u567.jhtm. Acesso em: 13 mar. 2011.
3. Fonseca, Aleilton. Os Sertões: as prédicas de Antônio Conselheiro e a poesia de Canudos UFBA, Olho da historia nº3.
4. Disponível em: http://www.historiabrasileira.com/biografias/antonio-conselheiro/. Acesso em: 13 mar. 2011.
5. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u567.jhtm. Acesso em: 13 mar. 2011.
6. Disponível em : http://www.suapesquisa.com/historia/guerradecanudos/antonio_conselheiro.htm. Acesso em: 13 mar. 2011.
7. Pires Ferreira, Manuel da Silva. Relatório do Tenente Pires Ferreira, comandante da 1ª Expedição contra Canudos. Quartel da Palma, 10 de dezembro de 1896.
8. 9. 10. CUNHA, Euclides. Os Sertões - Campanha de Canudos. 1ª edição: Rio de Janeiro, Laemmert, 1902.