O presidente do Atlético-PR, Marcos Malucelli, causou certa surpresa ao
afirmar que não fazia questão de ver a Copa do Mundo de 2014 na Arena
da Baixada. As declarações foram dadas no Seminário realizado pelos
jornais “O Globo” e “Extra”, na manhã desta segunda-feira, em um hotel
na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com o dirigente, o Furacão só
terá prejuízos em um primeiro momento com a realização da competição no
país.
- Tenho muitas dúvidas sobre esse ufanismo todo que se cria por conta
de uma Copa do Mundo. Não podemos comparar a Alemanha que fez uma
excelente Copa com o Brasil. A Copa é do Brasil e temos que fazer da
melhor maneira. Se não temos hospitais, escolas, é outra coisa. Temos
que arrumar os bilhões para fazer a Copa. Temos que dar conta da Copa.
Eu não fazia questão que a Copa fosse no estádio do Atlético-PR. Foi uma
decisão do conselho do clube, que achou que deveria colocar o estádio à
disposição do comitê local. Sou o presidente do clube, não sou cartola.
O meu mandato vence no mês que vem. Não sou candidato à reeleição, vou
para casa e deixo o clube em ordem. Não sou de impor minhas ideias aos
conselheiros. Prevaleceu a maioria dentro de um clima democrático, mas
será o clube que vai pagar a conta – afirmou o dirigente.
Após explicar todas as mudanças necessárias para atender as exigências
da Fifa, o dirigente se mostrou contrário aos pedidos feitos pela
entidade máxima do futebol. De acordo com Malucelli, o Atlético-PR
perderá inúmeras receitas por conta do fechamento do estádio na próxima
temporada. Segundo o presidente do Furacão, as perdas serão de 25% por
ano. Atualmente, a equipe paranaense tem orçamento em torno de R$ 70
milhões.
Vista da Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR (Foto: Jairton Conceição/RPC TV)
- Não adianta acertar o nome do estádio porque a Fifa não divulga o
nome do estádio. Temos que entregar a Arena 30 dias antes da competição,
tiram todas as placas e nos devolvem 15 dias após o campeonato. Você
não ganha nada por ceder o estádio – disse o presidente do Furacão,
convidado para o seminário para mostrar como o clube privado lida com a
organização da Copa do Mundo.
Para exemplificar o caso, Malucelli contou uma passagem com funcionários da Fifa.
- Recebi um contrato enorme em português, inglês e espanhol. O clube
cederia o seu centro de treinamento e colocaria à disposição para a
seleção que a Fifa quisesse instalar por lá. O contrato dava poderes à
Fifa para entrar no CT, fazer melhorias, derrubar o que ela achar que
está atrapalhando e o custo seria do Atlético-PR. Ela colocaria lá os
seus funcionários, os seus parceiros e você teria que fazer um seguro
para cobrir um eventual acidente. Tudo na conta do clube. O Atlético-PR
não vai assinar isso e não assinou. Qual é o nosso lucro? Só temos
despesas? Não temos lucros? Eles fazem, contratam e você precisa pagar a
conta. Não dão um centavo. Sofri pressão de todos os lados. Não
assinamos e eu não cedi. Teremos seleções do mundo todo e teremos
seleções que vão usufruir do nosso CT. E nós vamos cobrar. Por que eu
vou ceder? Esse caso aconteceu há uns quatro meses – contou o dirigente.
O presidente do Furacão revelou ainda que o clube teve lucro nos três
últimos anos. Porém, com o fechamento da arena e a utilização paliativa
do Couto Pereira, de propriedade do Coritiba, ou do Pinheirão, que
pertence à Federação Paranaense de Futebol, a tendência é que o clube
passa a ser deficitário. Outro problema seria a queda do número de
sócios, atualmente em 19 mil.
- A probabilidade é grande. Esse superávit que tivemos em 2009, 2010 e
2011 possivelmente não se repetirá em 2012. O Atlético-MG e o Cruzeiro
tiveram uma perda técnica grande. O Cruzeiro ainda perdeu mais da metade
dos seus sócios. Só no primeiro mês sem o Mineirão, eles tiveram uma
queda de 17 mil sócios para seis mil. Os sócios nos geram 25% da nossa
receita – explicou Malucelli.
A Arena da Baixada passará dos atuais 25 mil lugares para 42 mil
torcedores. Segundo Malucelli, a expectativa era de concluir o estádio
com R$ 40 milhões. No entanto, para atender as exigências da Fifa, os
gastos sobem para R$ 220 milhões. Os custos para a reforma serão
divididos pelo clube, pelo governo e pela prefeitura.
- Os R$ 220 milhões serão divididos por três. Porém, como o governo e a
prefeitura não podem dar o dinheiro, eles criaram o potencial
construtivo da área que será feita na arena. Com a venda desse potencial
é que os valores serão investidos nas reformas do estádio – finalizou o
dirigente do Furacão.
Segundo a
tabela divulgada pela Fifa haverá quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 na Arena da Baixada - todos na primeira fase.